A demanda por óleos para motores a gás natural deverá crescer ao longo dos próximos anos, visto que exigências governamentais requerem alternativas de combustível mais limpos, de acordo com um relatório da consultoria Kline & Co.

Quase 30% do consumo global de gás natural vai para aplicações de geração de energia, que inclui o backup de geração de energia, cogeração de energia, linhas de compressão a gás, dentre outras. O gás natural também é usado em algumas aplicações de acionamento mecânico, tais como bombas e compressores.

Hareesh Nalam, consultor sênior de energia da Kline baseado em Parsippany, Nova Jersey, estima que a demanda de motores a gás natural poderá crescer a uma taxa anual composta de 3% a 4% nos próximos cinco anos. A previsão foi feita por Nalam durante um webinar realizado no dia 12 de junho. A demanda global para esse tipo de óleo de motor situou-se em pouco menos de 500.000 toneladas métricas em 2018, com os Estados Unidos contribuindo com mais da metade desta demanda. A Europa, liderada pela Alemanha, Rússia e Reino Unido, representa quase um quarto desta demanda, seguida pelas regiões da Ásia-Pacífico e da América do Sul.

Geração de energia pode usar motores a gás ou turbinas a gás e acionamentos mecânicos a gás, utilizados principalmente em motores. Estes motores são classificados como dois tempos e quatro tempos, com capacidades que variam de 10 quilowatts até 10 megawatts. Um megawatt é equivalente a 1 milhão de watts.

O setor de geração de energia será o principal agente no aumento da demanda para motores a gás natural no futuro, devido à necessidade de combustível mais limpo, embora o uso de motores movidos a gás natural com acionamento mecânico seja uma aplicação popular em grandes mercados como EUA, Canadá, Reino Unido e Rússia.

Um dos maiores direcionadores para novas instalações de motores a gás é o impulso por parte dos governos em todo o mundo, estimulando a adoção do gás natural como fonte de energia importante. Políticas favoráveis à distribuição da geração de energia e o aumento do uso de geração de energia baseada em gás irão impulsionar esse crescimento. A Kline projeta um crescimento da capacidade instalada para motores estacionários a gás a uma taxa anual composta de 10,5% até 2022.

EUA e Alemanha lideram todos os demais países desde 2014 no aumento da capacidade instalada de motores estacionários a gás, com mais de 7.000 MW e pouco menos de 6.000 MW, respectivamente. China ocupa o terceiro lugar com aproximadamente 4.000 MW. Nalam observou que licenças para sistemas de conexão de rede de múltiplas matrizes energéticas, políticas de governo e tarifas “feed-in” são alguns dos principais fatores que afetam as novas instalações de motores movidos a gás.

Embora tenham capacidades instaladas muito pequenas, Malásia, México e Argentina tiveram as maiores taxas de crescimento na capacidade instalada de geração de energia a gás, de 2014 a 2018, entre os países incluídos no estudo, cada um com taxa composta de crescimento anual pouco inferior a 40%.

O mercado de óleo de motor a gás natural é operado principalmente pelos principais fornecedores de lubrificantes multinacionais. ExxonMobil, Shell e Chevron respondem por quase 70% do mercado, com contribuições significativas da Phillips 66 e Citgo. As marcas mais conhecidas incluem Mobil Pegasus, Mysella Shell, Chevron HDAX, Phillips 66 El Mar e Citgo Pacemaker.

A maioria dos óleos para motores a gás natural são formulados com óleos do grupo II, devido as suas melhores propriedades antioxidantes e preços competitivos em relação aos básicos do grupo I, embora o mercado de Ásia-Pacífico use o grupo I na maior parte dos seus produtos básicos.

“Motores a gás natural requerem óleos especialmente formulados, que diferem das formulações de óleos de motor diesel e a gasolina em função do aumento da viscosidade do óleo e da ausência de diluição por combustível, maior temperatura de combustão e mais depósitos”, explicou Nalam, acrescentando que existem vários outros fatores envolvidos também.
Óleos de motor a gás natural de baixa cinza são os mais utilizados – cerca de 70% – visto que eles são os preferidos para motores que funcionam com gás natural com uma elevada percentagem de metano e têm baixos níveis de impurezas.

“OEMs (Original Equipment Manufacturer) estão recomendando cada vez mais NGEOs (Natural Gas Engine Oil) de baixa cinza para uma vasta gama de aplicações”, disse Nalam, em função de que eles são mais eficientes e geram menos depósitos.

Em termos de viscosidade, os produtos monograu, principalmente, nos graus SAE 40 e 30, são responsáveis por quase toda a demanda, em função das recomendações das OEMs.
A disponibilidade de gás natural tem crescido tanto nas taxas de produção quanto nas de consumo na última década. Nalam disse que o foco maior por parte dos governos em iniciativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover o uso de combustível limpo são os principais fatores deste crescimento.

“Mesmo que a maior parte das reservas de gás natural estejam disponíveis em poucos países, há um aumento do consumo de gás natural em todo o mundo”, disse Nalam. “Isto é possível principalmente devido ao transporte de gás por meio de gasodutos e de navios transportadores de LNG”.
Quase a metade de todo o consumo de gás natural vem da América do Norte e da região Ásia-Pacífico.
Por Will Beverina

Lube Report Americas – Vol. 2, edição número 26, junho de 2019
Tradução: Luiz Feijó Lemos e Norma Souza