Óleo lubrificante para motor de carro é tudo igual? Não! E lubrificante de motocicletas? Também não! Se você é um aficionado, entusiasta, proprietário ou pretende adquirir uma dessas máquinas possantes de duas rodas é importante ter em mente que as tecnologias modernas dos óleos lubrificantes são recomendadas para veículos distintos: variam a partir de cada modelo de carro e de moto, sempre de acordo com especificações e características relacionadas a, por exemplo, condições operacionais, funcionamento do motor e desempenho.

Mas, quais seriam as características de um carro e de uma motocicleta que fazem com o que o uso de óleo lubrificante seja diferente para cada um dos modelos desses veículos? Fernanda Ribeiro da Silva, Coordenadora de Gestão de Produtos, Divisão de Tecnologia da Iconic (joint venture da Ipiranga e da Chevron), explica que, embora ambos os motores desses veículos trabalhem em quatro tempos, as condições operacionais do motor do carro são mais brandas do que as da motocicleta.

Segundo a executiva da Iconic, os motores dos carros apresentam menores rotação e nível de temperatura, maior volume de cárter e melhor refrigeração, por exemplo. “Além disso, enquanto o óleo lubrificante no carro lubrifica apenas o motor, na motocicleta ele é responsável pela lubrificação do conjunto motor, embreagem e transmissão”, ressalta.

Segundo Fernanda, motocicletas abrigam vários componentes em uma mesma unidade: motor; embreagem úmida; e caixa de câmbio. Essa configuração, frisa ela, depende de um óleo para fornecer lubrificação para todo o sistema. “Portanto, um nível ótimo de desempenho de fricção é necessário para evitar a patinação da embreagem”, correlaciona.

Por essas razões, salienta a especialista, o lubrificante de motocicleta precisa apresentar uma robustez, tendo em sua composição aditivos especiais que garantam a proteção do motor e da transmissão e fricção suficiente para o funcionamento da embreagem, garantindo a troca de marcha de maneira a evitar a ocorrência da patinação.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os lubrificantes de motocicleta precisam atender ao menos dois níveis mínimos de desempenho: uma classificação estabelecida pelo API (American Petroleum Institute) que é a mesma presente nos lubrificantes de automóveis; e outra pela JASO (Japanese Automotive Standards Organization).

Atenção com as scooters

Fernanda explica que o nível JASO T903 é um padrão global de desempenho para os lubrificantes de motocicleta que define os atributos de desempenho de fricção em duas categorias: JASO MA (subdividido em MA1 e MA2); e JASO MB. “O JASO MA é o mais comum para motocicletas com embreagem úmida e apresenta requerimentos mínimos de fricção para garantir uma melhor troca das marchas. Já o JASO MB é o mais comum para as motocicletas com transmissão automática, como é o caso das scooters”, detalha.

As scooters, explica Fernanda, são equipadas com transmissão automática do tipo CVT (Continuously Variable Transmission), que se encontra separada do motor. “Por conta disso, o óleo lubrificante para scooter não exige características de alta fricção necessárias para o ótimo desempenho da embreagem úmida, mas ainda assim exigem um desempenho especializado a fim de garantir a proteção ao motor e proporcionar benefícios de economia de combustível”, analisa.

Portanto, esclarece a executiva, um óleo lubrificante para motocicleta, por si só, não pode ser usado em qualquer modelo, uma vez que os óleos lubrificantes são desenvolvidos com tecnologias específicas. “Para motocicletas que precisam de lubrificação do motor, embreagem e caixa de transmissão utilizando um mesmo óleo, são recomendados lubrificantes que atendam, no mínimo, o nível de desempenho JASO MA para evitar o deslizamento ou patinação da embreagem úmida”, atenta.
Já para as scooters, que possuem uma caixa de transmissão automática, a especialista da Iconic diz que o desempenho de fricção para evitar

essa patinação não é necessário. Nesse caso, o desempenho dos óleos lubrificantes JASO MB fica concentrado em “garantir benefícios como economia de combustível”, avalia Fernanda Silva.